Parto da trémula premissa que detenho conhecimentos mínimos sobre paleopatologia e ancoro-me num facto: o privilégio de ser remunerado para investigar nesta área. E confesso que me incomoda não saber se me intitulo paleopatologista ou paleopatólogo! Talvez paleopatólogo, imaginando que poderia decidir baseado na sonoridade. Mas a fonética é um pormenor e a verdade é que nenhum dos vocábulos consta nos dicionários da língua portuguesa. Nem tão-pouco linguistas ou filólogos (ou filologistas?) se debruçaram sobre esta matéria. E pela consulta do sítio Ciberdúvidas da Língua Portuguesa apercebo-me da dubiedade existente em casos análogos – apesar do elemento “–logo” ser apontando como preferível pelos adeptos do vernáculo.
Esta dúvida foi razão para ter banido os termos da minha tese de mestrado – opção pouco meritória, reconheço-o! Nunca li a palavra paleopatólogo num texto académico português – terreno onde o vocábulo paleopatologista impera. E, de facto, se abolirmos o prefixo paleo, os dicionários portugueses definem ‘patologista’ mas não mencionam ‘patólogo’.
Tentando descortinar a realidade desta dicotomia no universo das restantes línguas latinas procurei e contabilizei os resultados duma breve pesquisa efectuada no Google, utilizando os seguintes termos: paléopathologue e paléopathologiste (Francês); paleopatologo e paleopatologista (Italiano); paleopatólogo e paleopatologista (Espanhol); paleopatólogo e paleopatologista (Português). [os romenos que me perdoem mas não me entendi com o Google em romeno!] Os resultados, abaixo ilustrados, foram uma surpresa! Contrariamente às minhas expectativas, não existe um termo preferencial quando o universo das quatro línguas românicas é considerado como um todo. O vocábulo paleopatólogo, que tem supremacia exclusiva na língua italiana e predomina na espanhola, não é usado, de todo, na portuguesa. A língua de Camões limita-se ao uso de paleopatologista, palavra igualmente dominante na língua francesa. Porquê estas diferenças? As semelhanças/diferenças dificilmente radicarão em factores puramente geográficos. Focando-me no caso luso-brasileiro, existirão, certamente, factores relacionados com a permeabilidade de Portugal e do Brasil à literatura paleopatológica anglo-saxónica (“escola de pensamento” hegemónica desde os anos 60/70 do século XX). Isto poderá ter sido determinante na adopção do termo paleopathologist e na sua tradução literal para português: paleopatologista. Refira-se que no Google encontramos 8.250 entradas para o termo paleopathologist e 1.200 para palaepathologist.
Esta dúvida foi razão para ter banido os termos da minha tese de mestrado – opção pouco meritória, reconheço-o! Nunca li a palavra paleopatólogo num texto académico português – terreno onde o vocábulo paleopatologista impera. E, de facto, se abolirmos o prefixo paleo, os dicionários portugueses definem ‘patologista’ mas não mencionam ‘patólogo’.
Tentando descortinar a realidade desta dicotomia no universo das restantes línguas latinas procurei e contabilizei os resultados duma breve pesquisa efectuada no Google, utilizando os seguintes termos: paléopathologue e paléopathologiste (Francês); paleopatologo e paleopatologista (Italiano); paleopatólogo e paleopatologista (Espanhol); paleopatólogo e paleopatologista (Português). [os romenos que me perdoem mas não me entendi com o Google em romeno!] Os resultados, abaixo ilustrados, foram uma surpresa! Contrariamente às minhas expectativas, não existe um termo preferencial quando o universo das quatro línguas românicas é considerado como um todo. O vocábulo paleopatólogo, que tem supremacia exclusiva na língua italiana e predomina na espanhola, não é usado, de todo, na portuguesa. A língua de Camões limita-se ao uso de paleopatologista, palavra igualmente dominante na língua francesa. Porquê estas diferenças? As semelhanças/diferenças dificilmente radicarão em factores puramente geográficos. Focando-me no caso luso-brasileiro, existirão, certamente, factores relacionados com a permeabilidade de Portugal e do Brasil à literatura paleopatológica anglo-saxónica (“escola de pensamento” hegemónica desde os anos 60/70 do século XX). Isto poderá ter sido determinante na adopção do termo paleopathologist e na sua tradução literal para português: paleopatologista. Refira-se que no Google encontramos 8.250 entradas para o termo paleopathologist e 1.200 para palaepathologist.
E volto à estaca zero mas com a pergunta recauchutada: anglofilia ou vernáculo? Agrada-me a sonoridade de vernáculo…
3 comentários:
A ausência do vocábulo materializa a nossa inexistência?
pronto... é uma opção! Eu confeço que quando não tenho vontade de trabalhar me dedico a tarefas mais prosaicas e menos intlectuais, do tipo, limpar o filtro do exaustor com um palito! Menos erudito, mas que faz toda a difereça!
Pois, eu dedico-me mais à culinária! LOL LOL
Guilhim,gostas desta nova casa dos ossos?
beijos enormes
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