Intrigou-me. Por isso recomendo a recensão de Ian Tattersall, publicada no TLS, ao novo livro de Colin Tudge e Josh Young: The link: uncovering our earliest ancestor.
Jorn Hurum, do Museu de História Natural da Universidade de Oslo, podia ter submetido o artigo da Ida à Nature ou à Science – “dream journals” de qualquer cientista. Com mais ou menos correcções, retoques e ajustes, nenhum editor recusaria publicar esta raridade paleontológica com 47 milhões de anos: o fóssil praticamente completo de um primata Adapiforme. Mas o paleontólogo optou pela revista electrónica PLoS One. Porquê, não sei. Mas desconfio. Pelo seguinte:
- Ida rendeu 1 milhão de dólares ao senhor coleccionador que a tinha (e toda a gente sabe que os museus não têm dinheiro para aquisições milionárias);
- a mediatização de Ida foi meticulosamente orquestrada (os entendidos dizem que as conclusões científicas retiradas da análise do fóssil foram bastante mais modestas do que as que foram veiculadas pelos media);
- há um “braço-de-ferro” entre as revistas impressas e as electrónicas (pagas de acesso restrito e gratuitas de acesso livre, respectivamente); se as primeiras não mudarem de estratégia (difícil, porque estão associadas a grandes grupos editoriais), as segundas ocuparão os “nichos” correspondentes no mundo digital – só precisam de ser badaladas nos media (o grupo PLoS está assumidamente neste campeonato);
- as revistas de acesso livre querem mudar as regras “tiranas” do factor de impacto e pretendem abrir as portas da web 2.0 às publicações científicas (manter-se-ia a tradicional revisão pelos pares, com a novidade de qualquer pessoa poder opinar sobre e criticar a posteriori o trabalho, no próprio sítio da revista).
Não sei quem levará a melhor. Eu (e muito mais gente) só quero artigos de qualidade, à mão e à borla.
Jorn Hurum, do Museu de História Natural da Universidade de Oslo, podia ter submetido o artigo da Ida à Nature ou à Science – “dream journals” de qualquer cientista. Com mais ou menos correcções, retoques e ajustes, nenhum editor recusaria publicar esta raridade paleontológica com 47 milhões de anos: o fóssil praticamente completo de um primata Adapiforme. Mas o paleontólogo optou pela revista electrónica PLoS One. Porquê, não sei. Mas desconfio. Pelo seguinte:
- Ida rendeu 1 milhão de dólares ao senhor coleccionador que a tinha (e toda a gente sabe que os museus não têm dinheiro para aquisições milionárias);
- a mediatização de Ida foi meticulosamente orquestrada (os entendidos dizem que as conclusões científicas retiradas da análise do fóssil foram bastante mais modestas do que as que foram veiculadas pelos media);
- há um “braço-de-ferro” entre as revistas impressas e as electrónicas (pagas de acesso restrito e gratuitas de acesso livre, respectivamente); se as primeiras não mudarem de estratégia (difícil, porque estão associadas a grandes grupos editoriais), as segundas ocuparão os “nichos” correspondentes no mundo digital – só precisam de ser badaladas nos media (o grupo PLoS está assumidamente neste campeonato);
- as revistas de acesso livre querem mudar as regras “tiranas” do factor de impacto e pretendem abrir as portas da web 2.0 às publicações científicas (manter-se-ia a tradicional revisão pelos pares, com a novidade de qualquer pessoa poder opinar sobre e criticar a posteriori o trabalho, no próprio sítio da revista).
Não sei quem levará a melhor. Eu (e muito mais gente) só quero artigos de qualidade, à mão e à borla.
Sem comentários:
Enviar um comentário