quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A Sobral Cid

É bom regressar à Sobral Cid*, aka Cinema Olympia e Agência de Viagens Abreu. Passei o testemunho do estado tésico. O Paco (na foto, a fingir que trabalha) é o senhor que se segue, depois a Filipa e os restantes amiguinhos sobralcidianos: Carina, Cris, Célia e Sandrinha. A ordem tésica não será necessariamente esta. O nome da sala é mais do que apropriado e homenageia a fauna que a ocupa. Na dúvida, experimentem conhecer qualquer um dos exemplares da espécie Homo sapiens sobralcidianus!
(a famosa sala Sobral Cid)
*amadrinhada pela sobralcidiana Cris.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Exposição virtual sobre paleopatologia

O Departamento de Antropologia da Universidade de Coimbra acolheu, entre 24 de Fevereiro e 1 de Março de 2003, uma exposição intitulada "Paleopatologia: o estudo da doença no passado" - integrada na V Semana da Mostra Cultural da Universidade de Coimbra. Quem quiser pode (re)vê-la na versão virtual alojada no sítio do Ministério da Saúde Brasileiro (aqui). A iniciativa original ficou a cargo da Casa de Oswaldo Cruz e da Escola Nacional de Saúde Pública (Departamento de endemias Samuel Pessoa)/FIOCRUZ.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Em estado tésico XI - O fim

Terminou assim:

In the future I see open fields for far more important researches. [...] Much light will be thrown on the origin of man and his history. (Charles Darwin, 1859)

E a capa era para ser esta:


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Em estado (hipoes)tésico X


"O grito" (1893), Edvard Munch

terça-feira, 27 de outubro de 2009

terça-feira, 21 de julho de 2009

B:MAG - Booktailors Publishing Magazine


Altamente recomendável, pelo conteúdo e pelo design gráfico. Transcrevo parte do editorial:

"Se esta publicação lhe chegou à caixa de correio, ou se fez download da mesma no nosso website, fica aqui o pedido. Reenvie-a pelos seus contactos ou divulgue a mensagem: há uma revista, que conta com a colaboração de distintos convidados, que versa sobre edição de livros e é totalmente gratuita, disponível para ser lida, comentada e reenviada para o maior número de pessoas." Aqui.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Ida e voltas(s)



Intrigou-me. Por isso recomendo a recensão de Ian Tattersall, publicada no TLS, ao novo livro de Colin Tudge e Josh Young: The link: uncovering our earliest ancestor.

Jorn Hurum, do Museu de História Natural da Universidade de Oslo, podia ter submetido o artigo da Ida à Nature ou à Science – “dream journals” de qualquer cientista. Com mais ou menos correcções, retoques e ajustes, nenhum editor recusaria publicar esta raridade paleontológica com 47 milhões de anos: o fóssil praticamente completo de um primata Adapiforme. Mas o paleontólogo optou pela revista electrónica PLoS One. Porquê, não sei. Mas desconfio. Pelo seguinte:

- Ida rendeu 1 milhão de dólares ao senhor coleccionador que a tinha (e toda a gente sabe que os museus não têm dinheiro para aquisições milionárias);

- a mediatização de Ida foi meticulosamente orquestrada (os entendidos dizem que as conclusões científicas retiradas da análise do fóssil foram bastante mais modestas do que as que foram veiculadas pelos media);

- há um “braço-de-ferro” entre as revistas impressas e as electrónicas (pagas de acesso restrito e gratuitas de acesso livre, respectivamente); se as primeiras não mudarem de estratégia (difícil, porque estão associadas a grandes grupos editoriais), as segundas ocuparão os “nichos” correspondentes no mundo digital – só precisam de ser badaladas nos media (o grupo PLoS está assumidamente neste campeonato);

- as revistas de acesso livre querem mudar as regras “tiranas” do factor de impacto e pretendem abrir as portas da web 2.0 às publicações científicas (manter-se-ia a tradicional revisão pelos pares, com a novidade de qualquer pessoa poder opinar sobre e criticar a posteriori o trabalho, no próprio sítio da revista).

Não sei quem levará a melhor. Eu (e muito mais gente) só quero artigos de qualidade, à mão e à borla.



quarta-feira, 8 de julho de 2009

"Revistologia"

Quem me conhece sabe que me interesso pelo mundo editorial, sobretudo o das publicações científicas. Editorship, peer reviewing, autorship, factor de impacto, revisões sistemáticas e bibliográficas, metanálises, open access journals, etc. integram o rol dos "meus" assuntos. E acabo de descobrir mais um elemento para juntar ao jargão: "journalology". Como se traduzirá isto? Revistologia?

quarta-feira, 24 de junho de 2009

CID cover art (2)


"This woodcut is by Hans Burgkmair (1473—1531), a German northern Renaissance painter and printmaker who had studied with the artist Martin Schongauer in Colmar and who produced several paintings and hundreds of woodcuts in which is evident the influence of his mentor. Schongauer's method of depicting depth by using cross-hatching (lines in two directions) at edges of planes is evident in the folds of garments depicted in this composition. Some of Burgkmair's work was vernacular, including a series of prints celebrating the triumphs of Emperor Maximilian I, but most of his subject matter consisted of scenes drawn from the lives of the saints, such as this depiction of Saint Iduberga, also know as Saint Ida or Itta of Nivelles, who founded a Benedictine Abbey in Nivelles, Belgium, in the 7th century. Both St. Iduberga and her daughter, St. Gertrude, who succeeded her as Abbess, were known as protectors of those suffering from leprosy. In the 16th century, it was commonly believed that there was a relationship between morality and disease. The leper was a person who was both unclean and threatened society. Throughout Medieval Europe, leprosy was greatly feared, and, in a society fearful of disease, lepers were banned from living within the walls of the city. Although lepers remained on the margins of society, a leper also could be seen as the recipient of good deeds and salvation for the lay and clerical populations. Hospitals to treat leprosy were erected along pilgrimage routes and were often the recipients of alms from pious travelers. By the 16th century, however, the incidence of leprosy was waning, and hospitals for lepers were becoming less common. (Mary and Michael Grizzard, cover-art editors). Woodcut, © Academie Nationale de Medecine, Paris, France, Archives Charmet, The Bridgeman Art Library International."

quinta-feira, 18 de junho de 2009

É hoje, o grande jantar dos (pré e pós)tésicos

A autoria do convite é de uma talentosa colega e amiga sobralcidiana, que versejou enquanto o diabo esfrega um olho - em menos de 10 minutos! (sim, provou-se há pouco tempo que é este o tempo que ele demora a esfregar um olho).

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Workshop sobre marcadores musculoesqueléticos de stresse

Falta um mês para o evento que reunirá, em Coimbra, os grandes especialistas mundiais em marcadores musculoesqueléticos de stresse. Programa e outras informações aqui.


Exposição paleopatológica em Barcelona

No Museu Egípcio até 30 de Junho. Quem não puder ir, pode ver aqui alguns dos casos paleopatológicos exibidos.


quinta-feira, 28 de maio de 2009

CID cover art

Há uns tempos, a revista Clinical Infectious Diseases anunciou um concurso para cover art editor (soubesse eu alguma coisinha de história da arte e dominasse o inglês, e teria concorrido...assentava-me que nem uma luva). E fez muito bem! O resulto é interessante e digno de divulgação:


On the cover: “Woman with scarlet fever.” Colored engraving © Bibliothèque de la Faculté de Médecine, Paris, France / Archives Charmet / The Bridgeman Art Library International. Reproduced with permission.This engraving, titled “Woman with Scarlet Fever,” is from a French textbook of diseases with dermatologic manifestations that was written by Baron Jean Louis Alibert (1768–1837). The style of her cap identifies the woman as being from Normandy. Alibert, who was a physician at the Hôpital Saint-Louis, is considered to be a founder of the specialty of dermatology. The engraver is M. Choupard. The book was published in 1833 and is in the collection of the Bibliothèque de la Faculté de Médecine, Paris, France. (Ann Arvin, Cover Art Editor)

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Eu já sabia!

What are friends for? A longer and better life

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Em estado tésico VIII



Esta obra de arte faz parte da banda sonora da minha tese.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

O belo e a consolação (2)


Paleopatólogos enfileirados no centro de um vulcão, em Santorini, Grécia. Não me apetece explicar porquê, mas gosto muito, mesmo muito, desta fotografia - e não é por ter sido eu a tirá-la.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Até breve...

"[Porque] conheço bem os obstáculos desta estrada, à qual já tirei a alegria tonificante do primeiro contacto. No entanto, é necessário percorrê-la."
in Cesare Pavese (2000[1952]) O ofício de viver. Relógio d'Agua, p. 26.




sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Revisões sistemáticas e metanálises

Ossos do Ofício partilha o seguinte sobre a revisão sistemática e a metanálise (e não meta-análise) - conceitos que se têm vindo a enraizar na literatura biomédica e que, inevitavelmente, alastrarão para os terrenos da paleopatologia. E são bem-vindos!
"A systematic review attempts to collate all empirical evidence that fits pre-specified eligibility criteria in order to answer a specific research question. It uses explicit, systematic methods that are selected with a view to minimizing bias, thus providing more reliable findings from which conclusions can be drawn and decisions made (Antman 1992, Oxman 1993).
The key characteristics of a systematic review are: 1) a clearly stated set of objectives with pre-defined eligibility criteria for studies; 2) an explicit, reproducible methodology; 3) a systematic search that attempts to identify all studies that would meet the eligibility criteria; 4) an assessment of the validity of the findings of the included studies, for example through the assessment of risk of bias; and 5) a systematic presentation, and synthesis, of the characteristics and findings of the included studies.
Many systematic reviews contain meta-analyses. Meta-analysis is the use of statistical methods to summarize the results of independent studies (Glass 1976). By combining information from all relevant studies, meta-analyses can provide more precise estimates of the effects of health care than those derived from the individual studies included within a review. They also facilitate investigations of the consistency of evidence across studies and the exploration of differences across studies."
In:
Higgins JPT, Green S (editors). Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions Version 5.0.1 [updated September 2008]. The Cochrane Collaboration, 2008. Available from www.cochrane-handbook.org.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

"Squint: my journey with leprosy"





Ossos do ofício gostou e recomenda esta entrevista a José Ramírez Jr. sobre o seu livro "Squint: my journey with leprosy". Ramírez relata a sua experiência enquanto doente de lepra, "uma doença da Bíblia", incluindo a do seu internamento em Carville – a única leprosaria em território continental dos EUA.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Destruição da Gafaria de Coimbra: sem comentários!

Desde a passada sexta-feira, 13 de Fevereiro, está em curso a demolição do que resta da gafaria de Coimbra. De acordo com a esta notícia do Diário de Coimbra, a Câmara Municipal de Coimbra (CMC) está preocupada com a "segurança dos transeuntes" e o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) "não encontrou motivo de interesse no edifício que acolheu a antiga leprosaria." Segundo a acta n.º 85 de 5/1/2009 da CMC, página 13, o IGESPAR recusou a proposta de classificação do edifício argumentando que "a construção que está à superfície é relativamente recente e não tem qualquer tipo de mérito do ponto de vista arqueológico."

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Regresso

Após a necrópole islâmica do Rossio do Carmo, em Mértola, Ossos do ofício continuou o seu périplo austral: Serpa e Lagos.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

domingo, 16 de novembro de 2008

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Em estado tésico VII

"Quando o espírito patinha na lama das abstracções, não há nada como pôr de lado o óculo oficinal de ver o mundo e contemplar a realidade a olho nu. É salutar. As pessoas caminham, cumprimentam-se, conversam, sorriem; os pássaros voam; o sol brilha. E tudo naturalmente, livremente, praticamente, sem corda prévia e sem finalidades transcendentes. Numa evidência que dispensa argumentos, torna-se-nos manifesto que daqui a mil, a dois mil, a cem mil anos haverá, na mesma gente a caminhar, a cumprimentar-se, a conversar, a sorrir, e pássaros a voar, e sol a resplandecer. Portanto, são tolos todos os dramatismos congeminativos. Mais do que as lamúrias, as profecias, os pessimismos, as imprecações e os arrepelos em nome da vida, vale a serenidade confiante da própria vida."

in: M. Torga, Diário IX, 18-12-1961

sábado, 1 de novembro de 2008

Opistótono: “Paleofantasia” ou paleopatologia?


Opisthotonus in a patient suffering from tetanus. Sir Charles Bell (1809)

A "paleofantasia" e a paleopatologia interceptam-se com regularidade. E desta confluência brotam interpretações indiscutivelmente criativas, embora, regra geral, pouco fundamentadas. Exemplos de hoje [literalmente] e de ontem não faltam. Mas a História (mais do que a Ciência) encarrega-se do julgamento dos paleofantasistas. Veja-se o caso do paleopatólogo Roy Lee Moodie (1880-1934), que, em 1918, relacionou a posição de fósseis de vertebrados com o opistótono – configuração adoptada pelo corpo que resulta de episódios espasmódicos dos músculos do tronco e do pescoço, devidos, por exemplo, ao tétano ou a intoxicações (ex. lítio ou estricnina). No ano seguinte, a curiosa explicação alvitrada por Moodie foi refutada na revista Science. E, no entanto, este paleopatólogo continua a figurar (na minha opinião com toda a legitimidade) nos textos sobre a história da paleopatologia.



Mais informação:

Balter, M. (2008) AAAS Annual Meeting: how human intelligence evolved - is it science or 'Paleofantasy'? Science, 319(5866):1028.

Dean, B. (1919) Dr. Moodie's Opisthotonus. Science, 49(1267):357.

Moodie, R.L. (1918) Studies in paleopathology. III. Opisthotonus and allied phenomena among fossil vertebrates. The American Naturalist, 52(620/621): 384-394.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Quando as moscas tinham as costas largas

1930-1940
in Vieira, Joaquim (1999). Portugal, Século XX: Crónica em imagens. Círculo de Leitores, 1999, Lisboa, p. 147. [Stuart Carvalhais, Arquivo Histórico da CM de Cascais]

domingo, 12 de outubro de 2008

Lepra: "a palavra reveladora" II

Miguel Torga (1907-1995), escritor, médico e humanista, descreveu, despojado do jargão clínico, as chagas leprosas de Julião [do conto O leproso, 1944]:
“Havia muito que qualquer coisa em si medrava como o fungo nas espigas verdes. Cresciam-lhe na cara gomos de carne dura, insensível e vermelha.” (p. 64)
“Caíra-lhe ainda há pouco o polegar direito, a cara, inchada, nodulosa e deformada, dava-lhe um estranho e horrível ar de bicho, não sentia pedaços inteiros do corpo.” (pp. 69-70)
“Só ele e a santa [Santa Agonia] podiam olhar aquele monte de carne a apodrecer, a despegar-se, e ao mesmo tempo a dar a impressão grotesca de renovo, numa proliferação desconforme.” (p. 70)

“Os pés eram patorras informes, onde não se viam unhas nem veias; as pernas, ulceradas, pareciam pinheiros cascalhudos, sangrados sem piedade; no peito, medravam a esmo caroços, sôfregos como cogumelos num toco carunchoso. Mas no rosto é que os estragos da devastação se mostravam mais cruéis. Dir-se-ia que lhe tinham colado à cara natural bocados toscos de barro vermelho, numa tentação demoníaca de caricatura impiedosa. Nenhuma imaginação humana, por mais rica e ruim, seria capaz de deformar tanto a fisionomia dum ser.” (pp. 70-71)

“…olhos inflamados por sobre os tortulhões malares…” (p. 71)

“Mas desmantelado pela gangrena, putrefacto e repelente, via a morte aproximar-se dele minuto a minuto. [...] A laringe roída mal podia falar. [...] E lá continuou a empurrar os cepos das pernas e a cabeça medonha e pesada...” (p. 75)

“E o leproso fugia àquele castigo terrível com as forças que lhe restavam, a espetar o toco dos pés nos tojos arnais.” (p. 77)


Miguel Torga (2003) Novos Contos da Montanha. 5.ª Edição. Lisboa: Publicações Dom Quixote. [conto: O Leproso]

sábado, 11 de outubro de 2008

Lepra: "a palavra reveladora" I

“Estava fraco e maltrapilho. Mas, com as fracas forças e a fraca roupa, lá se arrastou a Sanfins e bateu à porta do doutor, que o atendeu da janela.
– Queria consultar vossa senhoria…
– Muito bem, desço já.
Antes mesmo de se queixar, leu a sentença nos olhos arregalados e perscrutadores do médico.
– Donde é você?
– De Loivos.
– É curioso que nunca lá vi casos destes…Há quanto tempo isto lhe apareceu?
– Sempre é lepra?
O médico olhou-o, coçou a cabeça, pôs-se a mexer nos papéis da mesa, e acabou por dizer a triste verdade.
– Pois é. É…Infelizmente, é.
Nem falaram de remédios, nem de hospital, nem de nada. Despediram-se o mais tristemente possível, sem o doente perguntar quanto devia e sem o médico indicar o que era conveniente fazer. Ambos se resignavam sem luta àquela fatalidade monstruosa. O doutor ficava com o nome miraculoso e a sabedoria inútil; o gafado ia mostrar ao mundo, de mão estendida, a sua repugnante desgraça.”

Miguel Torga (2003) Novos Contos da Montanha. 5.ª Edição. Lisboa: Publicações Dom Quixote, pp.67-8 [conto: O Leproso]

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Os amigos do plágio estão tramados!

E a necessidade criou o engenho. Chama-se eTBLAST, um poderoso dois em um para os investigadores. É uma alternativa à pesquisa bibliográfica 'tradicional', porque o(s) termo(s) de busca pode(m) ser textos completos, parágrafos, frases ou (muitas) palavras. E, por possibilitar a comparação entre textos, é, sobretudo, uma ameaça aos praticantes do plágio. Até já existe uma base de dados – a Deja vu – com os trabalhos plagiadores e plagiados [por enquanto, só os indexados na Pubmed/Medline]. E os 'tugas' não escaparam!


Ver também:
Butler, Declan (2008) Entire-paper plagiarism caught by software. Nature, 455: 715.
Errami, M.; Garner, H. (2008) A tale of two citations. Nature, 451: 397-9.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A lepra fica sempre bem num frontispício [graficamente falando, claro]!


A lepra adorna a capa da edição de Novembro da revista Clinical Infectious Diseases, apesar de nenhum dos artigos versar a matéria...

Transcreve-se a informação sobre a figura:
"On the cover: “The Leper.” Color Engraving © French School, (19th century) / Bibliotheque des Arts Decoratifs, Paris, France, Archives Charmet/The Bridgeman Art Library. Reproduced with permission. This image is a color engraving made in France in the 19th century by an unknown artist. The engraving reproduces the image of a leper from a 16th century manuscript illumination. The leper rings the bell or cliquette that lepers were required to use to alert others to keep their distance. Leprosy was common in Europe in the Middle Ages, and regulations about contact between lepers and uninfected people were strict. This work is in the collection of the Bibliotheque des Arts Decoratifs, Paris, France. (Ann Arvin, Cover Art Editor)."

sábado, 4 de outubro de 2008

Em estado tésico VI

“As secretas regras da composição não se poderão reduzir, nunca, creio, a nenhum sistema totalmente válido, a nenhuma gramática definitiva, mas procurá-las e dizer o que julguei descobrir é tão apaixonante como o prazer de viver.”
José Mattoso, A escrita da história: teoria e métodos. Editorial Estampa, 1988, p. 10.


sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Em estado tésico V

“Sometimes, language expresses ignorance rather than knowledge…”

Goldenfeld, N.; Woese, C. (2007) Biology's next revolution. Nature, 445(7126): 369.


quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A chegada da penicilina a Portugal

[sem autor] (1944) Penicilina em Portugal. Jornal do Médico, 4(93): 709.

Há precisamente 64 anos, em 1 de Outubro de 1944, a chegada da "era dos antibióticos" a Portugal era anunciada na imprensa médica. Aqui fica o relato.




terça-feira, 30 de setembro de 2008

Paleopatologia esclarece dúvida escatológica relativa às Cruzadas

Tripas revoltas à moda de ELISA: eis a receita paleopatológica proposta por Piers Mitchell do Imperial College of London. A equipa deste historiador da medicina e paleopatólogo seguiu a pista encontrada nas crónicas coevas das Cruzadas – que aludem a constantes surtos disentéricos – e recorreu a um ingrediente singular: amostras de solo colhidas nas latrinas dum hospital medieval pertencente à Ordem dos Hospitalários, situado em Acre - cidade do então Reino de Jerusalém. Através do teste de ELISA identificaram a presença de dois parasitas intestinais, os protozoários Entamoeba histolytica e Giardia duodenalis, que causam diarreias violentas e outros "desconfortos" intestinais – sintomas que configuram quadros clínicos designados por amebíase e giardíase, respectivamente. Desvelou-se, assim, a causa das “horas de aperto” dos cruzados e dos peregrinos que se socorreram, no século XIII, das latrinas do hospital de São João. Para além das minudências e das novidades de ordem técnica e académica, este trabalho reforça o potencial que a paleopatologia detém enquanto aliada fundamental dos que buscam o conhecimento histórico fundamentado.

Mais informação:
Mitchell, P. et al. (2008) Dysentery in the crusader kingdom of Jerusalem: an ELISA analysis of two medieval latrines in the City of Acre (Israel). Journal of Archaeological Science, 35: 1849-1853.
Dixon, B. (2008) Crusaders' dysentery. The Lancet Infectious Diseases, 8: 530-530.



segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Em estado tésico IV

"Um ancião afirmou: «A tarefa de um monge consiste em tentar afastar para longe os seus próprios pensamentos»"
in Campo, C. e Draghi, P. (Orgs.) Ditos e feitos dos padres do deserto, Assírio e Alvim, 2003, p. 58.

sábado, 27 de setembro de 2008

"Por amor de Deus"...

For the love of God (2007) de Damien Hirst

Agenesia do canino superior esquerdo ou
Damien Hirst baralhou-se com os dentes?



sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Tese ou dissertação?

Na hora de rematar a prova escrita conducente ao grau de mestre ou de doutor, o candidato, exaurido, apelida-a tese ou dissertação. Muito provavelmente sem pensar (de)mais! Pois urge preservar o(s) neurónio(s) sobrevivente(s) e o mundo está à espera. Quando muito, abriu um dicionário, confiou nos pares ou esclareceu-se num catálogo bibliográfico. Saibam, pois, os candidatos cá do burgo que a legislação (Decreto-Lei n.º 74/2006 de 24 de Março) é clara: num mestrado redigem-se dissertações e num doutoramento teses.

Adenda para os cépticos: nas bases de dados bibliográficos encontram-se “teses de mestrado” e “dissertações de doutoramento” porque, relativamente a este item, as normas determinam que se respeite a opção do autor, ou seja, que a prova académica seja catalogada “como foi originalmente apresentada”.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Lepra: 2008

Se as fronteiras do planisfério terrestre plasmassem as estatísticas da lepra – ou Hanseníase, ou doença de Hansen –, o seu aspecto seria este (dados de 2002):

A lepra continua a preocupar as autoridades sanitárias: no início de 2008 estavam registados 212.802 doentes em todo mundo (leia-se, nos locais onde o mundo “sem lepra” conseguiu arrolá-los). Índia, Brasil, Indonésia, República Democrática do Congo e Bangladesh são, em termos absolutos, os mais afectados. Infelizmente, na lista dos 17 países com maior incidência constam, também, Angola, Moçambique e Timor-Leste.

Não posso omitir um aspecto peculiar do relatório da Organização Mundial de Saúde: não são revelados os dados dos países ditos desenvolvidos! E adianto que, em 2006, Portugal apresentou mais casos de lepra (16) do que a Síria, a Tunísia ou o Lesoto, por exemplo!

Mais informação em:

World Health Organization (2008) Global leprosy situation, beginning of 2008. Weekly Epidemiological Record, 83(33): 293-300.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Os Neandertais ibéricos eram "gourmets"

Não é só de hoje o ritual migratório dos portugueses (e espanhóis, suponho), para o Sul, durante os meses do estio. Os Neandertais já piscavam o olho, sazonalmente, às iguarias marinhas mediterrânicas: peixes, moluscos, pinípedes e cetáceos. Esta opção gastronómica revela uma estratégia de subsistência mais complexa e “moderna” do que se supunha – o que poderá ter contribuído para retardar a “extinção” destes antepassados na Península Ibérica. Baseado na análise de vestígios provenientes de duas grutas de Gibraltar, é o argumento que a equipa coordenada por Chris Stringer apresenta na última edição da Proceedings of the National Academy of Sciences.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Em estado tésico III

Para me sentir como "peixe na água" ouço "The world of early music": reforça o estado de espírito necessário à existência monástica e remete-me para a Idade Média - a arena de boa parte do argumento da minha tese. Mas creio que não seria a este género musical que Darwin se referia!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A propósito da descoberta da penicilina em Setembro de 1928

Este mês comemora-se os oitenta anos do anúncio da descoberta da penicilina por Alexandre Fleming. Esta substância, produzida pelo Penicillium notatum, passou a ser usada para fins terapêuticos a partir de 1941. E não demorou a chegar à terra Lusa. Três anos e alguns meses após esta data, Miguel Torga relata a primeira vez que o aplicou:

“Penicilina. Lá ensaiei também a última panaceia que a ciência inventou. Um miúdo a arder em febre, o pus a estalar-lhe pelos ouvidos, e dores medonhas. Dantes deitavam-lhe sobre a membrana do tímpano leite de parida, e era a cura radical. Agora, penicilina. Quando a fui buscar a casa de um doente onde havia sobrado, o pai do enfermo não queria largar mão do tesoiro. Tinha ali um talismã de saúde, e não o vendia nem emprestava por preço algum. Estava bêbado, e talvez por isso acreditava com uma força sobrenatural na magia da droga. A mulher, mais calma, interveio então, e lá me deram o santo viático. Em casa do meu doente esperavam a mexinga com orações. E eu injectei aquilo ao mesmo tempo humilhado e contrito. Por um lado, sabia que o fungo havia de ser ridículo daqui a cinquenta anos; por outro, era o máximo que o esforço, a inteligência e a esperança da humanidade tinham conseguido até hoje.”

Miguel Torga, Diário III: 1-2-1945

Coimbra ontem e hoje

Aparentemente, santa Bárbara não acode aos Conimbricenses quando as chuvas outonais transformam a baixa da cidade num cenário diluviano. Aconteceu ontem, de novo! Mas a história da cidade absolve a santa do pecado da distracção. Leia-se, por exemplo, o recente livro do Professor Jorge Alarcão, “Coimbra e a montagem do cenário urbano”. Também por outras razões, recomendo vivamente este livro e saliento a aprimorada edição da Imprensa da Universidade de Coimbra.

domingo, 21 de setembro de 2008

Sobre os ossos escreve-se por aí…

Recomendo a edição deste mês da National Geographic – Portugal. Entre outras, por estas razões: o artigo sobre as “Tribos perdidas do Saara Verde” – das culturas kifiense (10.000-8.000 anos) e teneriense (6.500-4.500) – cujos esqueletos foram descobertos no deserto do Ténéré, no Norte do Níger; e o artigo “Se as pedras pudessem falar: em busca do significado de Stonehenge” que desvenda o que as recentes escavações trouxeram à interpretação deste monumento megalítico. [espero que em futuras reimpressões deste número a NG-Portugal traduza, do espanhol para português, a legenda da belíssima fotografia sita nas páginas desdobráveis]

O belo e a consolação



Em estado tésico II

"Trabalho, trabalho, trabalho, mas faço como Penélope: desmancho à noite o que teço durante o dia ou vice-versa. Mas ela era para ganhar tempo; eu é porque não fico contente com a obra. Encontro-lhe sempre qualquer defeito insanável, e o fio da prosa e dos versos volta ao novelo."
Miguel Torga, in DiárioVIII: 15-10-1958.

sábado, 20 de setembro de 2008

Paleopatólogo ou Paleopatologista?

Parto da trémula premissa que detenho conhecimentos mínimos sobre paleopatologia e ancoro-me num facto: o privilégio de ser remunerado para investigar nesta área. E confesso que me incomoda não saber se me intitulo paleopatologista ou paleopatólogo! Talvez paleopatólogo, imaginando que poderia decidir baseado na sonoridade. Mas a fonética é um pormenor e a verdade é que nenhum dos vocábulos consta nos dicionários da língua portuguesa. Nem tão-pouco linguistas ou filólogos (ou filologistas?) se debruçaram sobre esta matéria. E pela consulta do sítio Ciberdúvidas da Língua Portuguesa apercebo-me da dubiedade existente em casos análogos – apesar do elemento “–logo” ser apontando como preferível pelos adeptos do vernáculo.

Esta dúvida foi razão para ter banido os termos da minha tese de mestrado – opção pouco meritória, reconheço-o! Nunca li a palavra paleopatólogo num texto académico português – terreno onde o vocábulo paleopatologista impera. E, de facto, se abolirmos o prefixo paleo, os dicionários portugueses definem ‘patologista’ mas não mencionam ‘patólogo’.

Tentando descortinar a realidade desta dicotomia no universo das restantes línguas latinas procurei e contabilizei os resultados duma breve pesquisa efectuada no Google, utilizando os seguintes termos: paléopathologue e paléopathologiste (Francês); paleopatologo e paleopatologista (Italiano); paleopatólogo e paleopatologista (Espanhol); paleopatólogo e paleopatologista (Português). [os romenos que me perdoem mas não me entendi com o Google em romeno!] Os resultados, abaixo ilustrados, foram uma surpresa! Contrariamente às minhas expectativas, não existe um termo preferencial quando o universo das quatro línguas românicas é considerado como um todo. O vocábulo paleopatólogo, que tem supremacia exclusiva na língua italiana e predomina na espanhola, não é usado, de todo, na portuguesa. A língua de Camões limita-se ao uso de paleopatologista, palavra igualmente dominante na língua francesa. Porquê estas diferenças? As semelhanças/diferenças dificilmente radicarão em factores puramente geográficos. Focando-me no caso luso-brasileiro, existirão, certamente, factores relacionados com a permeabilidade de Portugal e do Brasil à literatura paleopatológica anglo-saxónica (“escola de pensamento” hegemónica desde os anos 60/70 do século XX). Isto poderá ter sido determinante na adopção do termo paleopathologist e na sua tradução literal para português: paleopatologista. Refira-se que no Google encontramos 8.250 entradas para o termo paleopathologist e 1.200 para palaepathologist.
E volto à estaca zero mas com a pergunta recauchutada: anglofilia ou vernáculo? Agrada-me a sonoridade de vernáculo…


E eu com tantos planos prà reforma!

«“When I retire”, a surgeon told a historian, “I plan to be a medical historian”. The historian replied that when he retired he planned to practise neuropathology. When this exchange is retold, academic historians generally find it amusing, confirming their preconceptions about physicians. Physicians, by contrast, often react to the historian’s reply with quizzical incredulity; they don’t get the joke.»


in Kushner, H.I. (2008) Medical historians and the history of medicine. The Lancet, 372(9640): 710-711.

Aprendamos com as "atrofias" cerebrais de Darwin

http://baptistao.zip.net/arch2007-06-01_2007-06-30.html

"O meu cérebro parece ter-se transformado numa espécie de máquina de moer leis gerais a partir de grandes compilações de factos, mas não consigo imaginar porque tal haveria de ter causado a atrofia da parte do cérebro da qual dependem os gostos mais elevados. Suponho que um homem com a mente mais organizada, ou de constituição melhor do que a minha, não sofreria dessa maneira; e se eu tivesse que viver outra vez, estabeleceria como norma ler poesia e ouvir música pelo menos uma vez por semana, pois, desse modo, talvez as partes do meu cérebro que hoje estão atrofiadas pudessem ter-se mantido pelo uso. A perda dessas preferências é uma perda de felicidade. É possível que seja prejudicial ao intelecto e, mais provavelmente, ao carácter moral, por enfraquecer a parte emocional de nossa natureza."
C. Darwin, Autobiografia (1809-1882). Editora Contraponto, 2000, pp. 121-122.

Quando se deita o barro à parede

Luto s.m. (Do latim lutu-, «barro»): massa ou substância aplicada para tapar fendas e, em técnica de preparações, executar a lutagem.

Em estado tésico I

[Talvez um desígnio]

"O que devemos é saltar na bruma,
Correr no azul à busca da beleza."
(Mário de Sá-Carneiro)